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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

NATURAL OU SINTÉTICO? CALENDÁRIO E OUTROS PROBLEMAS EXTRA-CAMPO SÃO MAIS URGENTES QUE A ESCOLHA DO GRAMADO

Por Guilherme Felipe Agapto
Administrador e estudante de matemática do IFSP. 

Há uma crescente discussão sobre o uso dos gramados sintéticos para as partidas de futebol. Dudu, Thiago Silva e Memphis Depay, só para citar alguns nomes são veementemente contra ao uso desses gramados. 

Um dos argumentos mais citados é o fato de que o gramado sintético pode ser superaquecido, principalmente em situações como as ondas de calor no Brasil, algo que poderia causar impactos na saúde dos jogadores e na qualidade técnica. 

Entretanto, há outras situações que podem impactar a partida com relação aos gramados sintéticos. Os mesmos podem ser prejudiciais tecnicamente, principalmente por a bola "rolar mais rápido" nestes gramados, mudando o padrão de jogo. 

Outra dificuldade seria com as lesões dos jogadores. Todavia, não há base científica para tal argumento. O gramado sintético pode ser melhorado para evitar tais lesões e o estilo de jogo pode ser modificado com relação ao tipo de gramado utilizado. 

O gramado sintético é utilizado em muitas ocasiões quando a recuperação do gramado natural é insuficiente para os jogos. Eventos como shows, apresentações, festas e outras atividades podem impactar muito na qualidade do gramado natural. Chuvas, dificuldade na fertilização e na hidratação do gramado, além da baixa incidência do sol em estádios modernos pode impactar na qualidade do gramado (e consequentemente do jogo) e influenciar nos placares. 

Além disso, gramados naturais mal cuidados podem causar lesões ainda mais sérias do que o gramado sintético e prejudicar o andamento do jogo. Em certas ocasiões, gramados naturais de futebol podem se transformar em verdadeiros campos de polo aquático, e se tornarem escorregadios a ponto de causar entorses, fraturas e problemas na saúde dos atletas. Gramados naturais mal-cuidados, principalmente em áreas secas, podem potencializar as contusões de jogadores pela dureza de seus materiais. 

Outros problemas extra-campo podem ser mais importantes do que apenas a escolha dos gramados. O "fair play" financeiro, o calendário e outras variáveis que afetam a qualidade dos jogos são tão ou mais importantes que a escolha do tipo de gramado. Questões como estas são mais urgentes para serem resolvidas do que apenas preferir este ou aquele piso. 

O  futebol é mais do que um simples espetáculo. É uma cultura nacional e deve ser tratada com respeito e não apenas resolvido com alterações pontuais e soluções pouco efetivas. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

FIM DA ESTABILIDADE NOS CONCURSOS: QUAIS SÃO OS RISCOS PARA A ECONOMIA NACIONAL?

Um tema bastante discutido é o fim na estabilidade nos concursos públicos. Porém este problema vai além do possível fim do regime estatutário, pois impactará seriamente em vários setores da sociedade, principalmente os serviços públicos e poderá levar à precarização na qualidade so setor público. 

O fim da estabilidade nos concursos poderá trazer sérios riscos para o setor público e à economia nacional. Dentre eles, quatro motivos, cruciais ao desenvolvimento da sociedade, são descritas neste artigo:

1º MOTIVO: DIMINUIÇÃO DA CONFIANÇA DA POPULAÇÃO NO SETOR PÚBLICO

Um dos motivos é a própria falta de estabilidade, que pode causar alguns problemas comuns em empresas privadas e também recorrentes em empresas públicas: a contratação de trabalhadores com critérios pouco claros, o que pode fazer com que a transparência seja prejudicada. Um exemplo é a dispensa de servidores sem motivos claros, e isto pode ser utilizado para situações como compra de votos. Algumas instituições poderão contratar concursados quase da mesma forma que um cargo comissionado e isto diminuirá bastante a confiança nos servidores por parte da população. 

2º MOTIVO: AUMENTO DE EXONERAÇÕES DISCRIMINATÓRIAS.

Outro motivo é o aumento da discriminação em cargos públicos. Isto ocorre frequentemente em empresas do setor privado que demitem pessoas sem justa causa por motivos pouco com o desempenho do trabalho. 

3º MOTIVO: AUMENTO DE ROTATIVIDADE NO SETOR PÚBLICO

A falta de motivação para se qualificar será um problema de grandes proporções neste período, pois a estabilidade é um dos chamarizes para o servidor público. Uma vez que não há a asseguração do servidor, pessoas menos qualificadas para o cargo serão selecionadas e a qualidade do serviço será menor. A rotatividade gerada pela falta de estabilidade do setor fará que as instituições públicas façam mais editais de concursos e processos seletivos, onerando excessivamente o setor, o que impactará de uma forma expressiva o mercado de trabalho. 

4º MOTIVO: PRECARIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS

Um dos prejuízos desta falta de estabilidade é a precarização de serviços mais básicos. Um exemplo é a coleta de lixo e a prestação de serviços de limpeza, saúde, segurança, dentre outros serviços nas instituições públicas. Como as exonerações serão mais frequentes, as instituições terão menos servidores para serviços considerados essenciais. Isto pode impactar seriamente na qualidade de vida da população e na visão que as pessoas tem do serviço público. 

CONCLUSÃO:

Ou seja, em vez de ter colaboradores mais motivados para servir o povo,  o fim da estabilidade poderá diminuir a qualidade do serviço público e também aumentar a corrupção, que é um dos maiores problemas no serviço público, o que impactará de uma forma negativa na sociedade como um todo.

POR QUE O FIM DA JORNADA 6X1PODERÁ SER BENÉFICA PARA AS EMPRESAS?

 O assunto, que está gerando discussões sobre o futuro do trabalhador (e da economia) é um dos mais importantes projetos na área e impactará diretamente milhões de pessoas no Brasil. 

AUMENTO DA LUCRATIVIDADE DA EMPRESA.

Um dos benefícios da jornada 6x1 nas empresas é poder empregar trabalhadores em seu desempenho máximo. Um período de descanso com melhor qualidade permite o trabalhador estar em sua melhor fase. Se o trabalhador tiver mais tempo para outras atividades, terá mais foco no trabalho, melhorando a saúde mental e diminuindo a rotatividade. Além disto, o fato de ele ter mais tempo para consumir, melhorará a demanda de produtos e, por causa disto, a economia estará mais aquecida, diminuindo as crises econômicas, resultando em crescimento sustentável do PIB e do desempenho financeiro das empresas. 

MAIS TEMPO PARA O PROFISSIONAL SE QUALIFICAR

A possibilidade de ter mais tempo para se qualificar, melhorará a produtividade do trabalhador. Muitos trabalhadores não se qualificam por causa da ausência de tempo para isto, pois a elevada carga de trabalho diminui a disposição para estudar. 
O sono prejudicado de quem tenta conciliar afazeres domésticos, trabalho e estudos também causa transtornos às empresas. Boa parte de aposentadorias por causas psicológicas tem base em um sono insuficiente e com qualidade ruim.
Com mais tempo para conseguir um sono adequado, o trabalhador terá um desempenho ainda melhor em seu trabalho e, por consequência, também terá uma cognição melhor e fará o trabalho com mais eficácia, diminuindo a necessidade de retrabalho, uma das causas mais frequentes de diminuição da produtividade. 
Um trabalhador mais qualificado terá um desempenho superior no trabalho e poderá dar mais chances de se manter no emprego.

DIMINUIÇÃO DOS CONFLITOS ENTRE COLABORADORES, UM DOS MAIORES MOTIVOS DE DISPENSA NAS CORPORAÇÕES.

O comportamento na empresa é um dos problemas mais recorrentes que causam rotatividade no trabalho. A maior parte das pessoas saem das empresas por causa de conflitos e não pela produtividade. Os conflitos são causados pela irritabilidade de boa parte dos trabalhadores, que acabam tendo estresse excessivo em suas profissões. 
Um bom ambiente de trabalho, com menos dias de trabalho pode diminuir os conflitos, diminuindo a rotatividade e aumentando a produtividade, já que um time com menos conflitos tem mais chance de melhorar resultados. 
Isso gera motivação nos trabalhadores, que veem seu potencial ainda maior. Como a motivação é um dos maiores pilares na execução de uma atividade, o desempenho consideravelmente maior em uma jornada de menos dias poderá levar a empresa a um nível de produtividade ainda mais expressivo do que na jornada atual. 

Por estes motivos, o fim da jornada 6x1 é benéfico tanto para as empresas, quanto para os trabalhadores em geral.

Autor: Guilherme Felipe Agapto
 13/11/2024.

domingo, 6 de outubro de 2024

ELEIÇÕES 2024: CAMPINA DO MONTE ALEGRE ELEGE O SEXTO PREFEITO EM DOZE ANOS

 
CIDADE TEVE UM PREFEITO A CADA DOIS ANOS E TERMINOU AS ELEIÇÕES EM DISPUTA ACIRRADÍSSIMA. 

Campina do Monte Alegre foi às urnas neste domingo (06/10) para definir os cargos no executivo e legislativo. As eleições foram tranquilas, o que não foi a campanha, já que houve trocas de farpas entre os candidatos, além de provocações, que se intensificaram na parte final da corrida eleitoral. Sendo três candidatos numa cidade que já teve seis candidatos a prefeito, Campina do Monte Alegre foi marcada por instabilidades nos mandatos desde 2012.

Como o prefeito eleito nas eleições municipais de 2012 estava sub judice, por cerca de seis meses, a cidade foi conduzida pelo então segundo colocado naquela eleição, o Orlando Donizetti Aleixo. Entretanto, na absolvição do candidato Carlos Eduardo, o mesmo retornou às funções do executivo e conduziu a cidade até o fim do mandato. Não se reelegeu. 

Em 2016, o novo prefeito, o Gil Vicente de Oliveira Jr, governou por quatro anos a cidade, sendo o único prefeito da cidade a ficar por quatro anos no mandato. Porém, também não conseguiu se reeleger nas eleições de 2020. 

A crise fora da cidade com a pandemia da COVID-19 teve um impacto enorme nas eleições de 2020, sendo que o candidato eleito àquela época não pôde assumir devido a processos que estavam em tramitação. Entretanto, estes processos não foram concluídos devido à morte do então candidato a prefeito, José Benedito Ferreira já em 2021. 

Zé Dito em frente ao portal de Campina do Monte Alegre.
Créditos: Facebook/ Zé Dito.

Com o falecimento do prefeito, que já estava sub-judice, o filho dele foi indicado à candidatura e venceu, com uma vantagem expressiva nas eleições. Entretanto, a oposição alegava a incapacidade do então prefeito assumir o poder executivo devido à paralisia cerebral, pois ela interfere nos movimentos do corpo, dificultando a fala e a coordenação motora fina. Entretanto, ele conseguiu firmar um bom projeto na cidade e levou seu mandato até ao final. Havia grande possibilidade do prefeito ser re-eleito.

Entretanto, com uma eleição disputada com uma diferença de 123 votos, o então vereador Marcelo Lisboa assumirá o cargo no poder executivo. Marcelo Lisboa será o sexto prefeito a assumir o cargo nos últimos doze anos. O último prefeito a ter uma re-eleição foi o já falecido José Benedito Ferreira, que ficou na prefeitura entre 2004 e 2012. 

Marcelo Lisboa foi vereador de 2012 a 2024 e assumirá a prefeitura logo no início de 2025. 


Fontes:

Folha de São Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/unico-prefeito-com-paralisia-cerebral-do-brasil-desafia-capacitismo-e-e-xodo-de-alckmin.shtml. Acesso em 06/10/2024

Jornal Cruzeiro de Sorocaba. Disponível em: https://www.jornalcruzeiro.com.br/sorocaba/noticias/2021/07/675186-ex-prefeito-de-campina-do-monte-alegre-jose-benedito-morre-aos-58-anos.html. Acesso em 06/10/2024

Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: http//www.tse.jus.br. Acesso em 06/10/2024

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

ANÁLISE DA PROVA DO CPNU (BLOCO 7 OBJETIVA + DISCURSIVA)

 Na primeira parte, muitas pessoas reclamaram de que não havia tempo suficiente para resolver as questões e fazer a redação. Um pouco porque a prova foi bastante prolixa (mesmo para a banca Cesgranrio), o que foi uma vantagem para quem costuma ter uma boa velocidade de leitura. 

Porém um ponto que pesa em desfavor à prova é que boa parte das questões foram confusas o que pode ter uma dificuldade maior em provas onde há pouca margem para erros. Entretanto, as vinte questões não foram de nível de dificuldade elevado. 

Foi o esperado para uma prova de nível superior e acredito que boa parte dos estudantes que foram à prova vão ao menos se classificar. Boa parte do que foi pedido no edital caiu, o que é comum nesta banca, já que ela não costuma cobrar o que não está no edital, o que foi um ponto positivo para a banca. 

O tema  da redação, acerca da saúde dos presos também foi um tema MUITO atual, já que nós temos o problema crônico da sistema carcerário brasileiro, onde a falta de gestão colabora tanto com a superlotação como a dificuldade de gerir recursos nas penitenciárias. 

O papel da controladoria foi um dos tópicos que foram pedidos, entretanto, o que ficou muito evidente nesta redação é que o tema é um assunto de "pisar em ovos", já que produz um efeito enorme em uma sociedade como um todo.

A redação pedia, além da solução para melhoria da saúde dos presos: como usar os controles internos e externos para  solucionar os problemas dos presídios,  como reduzir a assimetria de informação nas penintenciárias, e como melhorar a estrutura das celas e diminuir as ingerências administrativas no sistema prisional. 

Quem conseguiu desenvolver bem estes tópicos, conseguiu fazer uma boa redação. Já os textos motivadores foram novamente prolixos, mas o detalhamento e a linguagem extremamente acessível fez com que o entendimento do tema fosse facilitado até mesmo para estudantes pouco habituados com o estilo de prova da CESGRANRIO. 

A segunda parte da prova, a de conhecimentos específicos foi muito mais tranquila, já que as questões (mesmo que longas) não foram tão extensas que na versão anterior. Caiu praticamente tudo o que estava previsto no edital e quem estudou com base no edital teve uma maior facilidade para conseguir resolver as questões. 

Foram bem menos confusas e mais tranquilas, com um nível de dificuldade esperado (e até mais simples) que os certames anteriores. As cinquenta questões foram como se fossem quarenta ou trinta e cinco. Entretanto, não levei o rascunho do gabarito nesta segunda prova. Consegui só na primeira, pois a prova foi bem mais intensa e, quando terminei, já estava nos minutos finais. 

Em suma, uma prova simples, com algumas questões confusas, uma redação de um tema extremamente relevante e de muita utilidade na administração pública. 


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

ANÁLISE DAS OLIMPÍADAS DE PARIS: UMA DAS OLIMPÍADAS MAIS POLÊMICAS DO MILÊNIO.

 Muito se especulava que ia ser uma olimpíada magnífica. Entretanto, houve enormes problemas e uma atitudes um pouco suspeitas por parte dos organizadores. 

Em quase vinte anos que assisto as olimpíadas (a primeira foi em Pequim), nunca vi uma olimpíada tão ruim. E não estou falando da qualidade dos atletas ou da estrutura de esportes das olimpíadas. O Brasil já começou com um estilo de roupas bastante peculiar, deixando a desejar principalmente pelas saias meio "Damares" e que não combinou com as belas obras de artesanato. 

Mas quando chegou as olimpíadas, o desfalque de vários atletas começou a afetar a seleção brasileira. Já estávamos sem a seleção masculina e em seguida houve uma atitude pouco exemplar de uma jogadora da seleção olímpica, que cabaou expulsa. Com duas medalhas a menos no quadro (medalhas que tinha uma chance enorme de sair), o Brasil já entrou no prejuízo. Mas era só o começo. 

Falando em começo, a abertura das olimpíadas da França foi uma das piores de todas as olimpíadas. Foi bastante nonsense e apelativa muito ancorada no governo do Macron. Mas isso iria piorar ainda mais.

Logo no começo das olimpíadas houve um lutador e uma lutadora disputando medalhas. Seria um enorme de um caso para a Lei Maria da Penha se isso ocorresse no Brasil. Mas como ele estava vestido de mulher, não houve punição. 

As polêmicas não paravam por aí: a expulsão da jogadora Marta com um lance de Taekwondo e a falta de critérios para o Surfe. Medina ficou sem a medalha de ouro simplesmente porque teve uma onda horrível e não teve sorte. 

Outro que não conseguiu vingar nesta olimpíada foi o Izaquias Queiroz, que não repetiu o feito das olimpíadas anteriores. Mesmo tendo um bom desempenho, Queiroz ficou sem a sonhada medalha dourada. 

A Rebeca Andrade e a Beatriz Souza foram os pontos fora da curva brasileiros: com o ouro e uma alegria contagiante, proporcionaram momentos maravilhosos nas olimpíadas. Rebeca Andrade superou Simone Biles na disputa do ouro. Beatriz venceu uma israelense na final com um wazari. Talvez os poucos momentos com sorriso no rosto. 

Já as redes sociais tiveram um enorme papel de divulgação nas olimpíadas, principalmente quando se fala em humor. O meme do atirador com pouquíssimas ferramentas (turco), as constantes eliminações para os asiáticos e os memes sobre a expulsão da Marta foram os pontos fortes da competição. 

A campanha nos deixou com 3 medalhas de ouro, um número bem abaixo da meta do governo. Mas o total de vinte medalhas quase superou a das olimpíadas anteriores. Algumas modalidades foram seriamente prejudicadas pelos avaliadores olímpicos. Talvez os critérios que eles utilizam sejam os mesmos de avaliar a poluição da água do rio Sena. Ganhar na Sena é sorte, ganhar (infecção) no Sena, é azar. 

No final, a apresentação já ia ser ruim. Então fiquei apenas observando algo mais interessante, como o campeonato brasileiro. 

Resumo: estas olimpíadas são um exemplo de como (não) se pode realizar jogos olímpicos. 

quarta-feira, 31 de julho de 2024

A ILUSÃO DOS TRINTA ANOS (CONTO)

O final do mês nem sempre é aguardado. As dificuldades do dia-a-dia o leva a chegar mais rápido do que de costume. Outra coisa que não se comemora na vida adulta é a data do aniversário. Seja porque não tem mais graça ganhar bolos ou presentes, seja pelo fato de estarmos envelhecendo e, com isto, mais próximo da morte. Outra ilusão são os papai-noéis. Com oito ou nove anos já se sabe que esta fantasia não existe, mas acreditamos ainda em outras.

Uma delas é a existência de um amor verdadeiro, que nos impele à busca da “alma gêmea”. Isto também é ilusão. O casamento sempre tem um problema. Não importe que você tente a felicidade nele, ele vai ser infeliz. Isso vale também para a felicidade que, na idade que eu estou, já é uma ilusão. O bom emprego após a faculdade era uma versão tosca do “pote de ouro no fim do arco-íris”, este arco-íris não sendo mais que um efeito em prisma que ocorre quando a água da chuva interage com a luz solar.

Outra coisa que a gente deixa de acreditar é em um mundo melhor. Preferimos acreditar em um mundo além-túmulo ou um céu que, para muitos, é ilusório. Acreditamos em partidos políticos, em nosso crescimento profissional, nas novas tecnologias que poderão combater o câncer ou até tentamos buscar nossa felicidade em onze jogadores que querem não mais do que colocar uma bola de couro entre duas balizas.

Colocamos nossa felicidade em piadas, em tragédias de outras pessoas ou eventos do “acaso”. Colocamos nossa fé em templos, deuses, figuras beatificadas e até em amuletos. E o que sobra? Apenas uma consolação caso ocorra alguma coisa ruim. E viver atrás de novas experiências, novas crenças e até de novas companhias começa ficar mais complicado quando se está indo para os trinta anos.

Parece que aquela moça que você queria está com outra pessoa, o emprego que era seu sonho não é mais do que uma fonte de estresse e a vida que você sonhou após a faculdade não é sua realidade.

Quando você percebe que no passar dos anos você acumulou tristezas, mágoas, desesperanças e uma série de problemas metabólicos vê o mundo de uma forma diferente. É por isso que os cinquentões veem a década de 70 como a melhor e os que vão fazer 30 anos acham os anos 2000 melhores. E uma geração sempre vai tachar a próxima de “geração” perdida ou qualquer outro adjetivo.

“No meu tempo era melhor”, diziam eles. “Vocês são fracos e não querem lutar”. Como se tudo que quiséssemos estivesse tudo ao alcance da mão e não precisássemos de nenhum trabalho na vida. Lógico que não somos a geração exemplar e temos uma facilidade em relação a certas coisas. Mas achar que conseguir um lar nos anos 70 é a mesma coisa que atualmente é estar desligado do futuro.

E, com o tempo, a gente vai ser os tios que falarão isso com a próxima geração. Por que somos os melhores? Não. Porque nós acreditávamos em uma vida melhor e não estamos em nossa melhor forma. Porque um dia tivemos as mesmas desilusões e a mesma mudança. Crescemos com ilusões e vivemos em uma realidade, cada um a sua maneira.

(31/07/2024)